“O homem é lobo do homem”! A orientação neoliberal ditada aos mercados também chamada de globalização nos tem levado ao desequilíbrio”. A sociedade tem o entendimento que de nada adianta preço baixo com exploração da mão de obra. Não adianta a sociedade clamar sem mudança de comportamento de todos.
Thomas Hobbes em seu "Leviatã", disse: "O homem é lobo do homem". Tal
 afirmação ilustra o momento pelo qual a sociedade mundial passa. Anos 
sucessivos de exploração de recursos (ambientais e humanos) com fins 
econômicos desenharam o cenário atual.
A situação atual do Planeta, que vive momentos difíceis de escolha de
 rumos, escassez crescente de recursos naturais, graves problemas 
trazidos pelo aquecimento global, inexistência de largos horizontes e 
2,8 bilhões de pessoas vivendo com menos de $2,00 por dia – ou seja, uma
 grande "panela de pressão" – permite-nos supor, com base nas 
experiências passadas, que estamos próximos de grandes conquistas" 
(SENAI, 2008). Porém, é necessário um novo modelo de desenvolvimento 
para a sociedade que não este que nos tem levado ao desequilíbrio.
Foi neste contexto de desequilíbrio que tal artigo foi pensado e 
baseado na pesquisa em artigos de outros autores, sites de algumas 
empresas relevantes, periódico e revista com o intuito de apresentar 
formas de tornar as empresas brasileiras sustentáveis.
A relevância deste artigo está em se mostrar à sociedade brasileira 
meios de se ter maior qualidade de vida através da adoção de práticas 
sustentáveis.
Que novo modelo é este?!
O modelo tido como o novo paradigma é o da sustentabilidade apoiado 
sobre seus 3P's – People, Planet and Profit (Pessoas, Planeta e Lucro). 
Segundo Amâncio e Claro (2008 apud Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar.
 2011), "a sustentabilidade no âmbito empresarial pode ser interpretada 
pela satisfação das necessidades dos indivíduos do cenário atual sem 
afetar as gerações futuras, isto porque, as práticas ambientais 
tornaram-se cada vez mais presentes nas entidades organizacionais". Da 
mesma forma, a sustentabilidade foi conceituada pela comissão Brundtland
 como: "Um novo paradigma de desenvolvimento no qual as necessidades do 
presente são atendidas, sem comprometer a capacidade das futuras 
gerações de atenderem às suas próprias necessidades" (Nosso Futuro Comum
 apud LEAL, 2009). Uma outra forma de conceituar  a sustentabilidade 
seria mencionando "o Triple Bottom Line, conhecido como os três pés – 
People, Planet and Profit (pessoas, planeta e lucro)" (RBA, Brasília, 
DF, Ano 21, n. 87, p. 34-38, mar.- abr. 2012) sendo o primeiro "P" 
referente ao capital humano, o segundo "P" à questão ambiental e o 
terceiro "P" ao lucro ou resultado financeiro das organizações.
Em resumo, sustentabilidade é compatibilizar desempenhos social, 
ambiental e econômico dando especial importância à procedência daquilo 
que nos é apresentado ou mesmo ofertado.
Por que ser sustentável?!
Diante do atual cenário fruto de séculos de degradação, 
principalmente ambiental, notadamente nas quatro últimas décadas viu-se o
 escasseamento dos recursos naturais e a degradação das populações 
locais em prol de organizações que, na maioria, nem nacionais eram 
evidenciando-se assim um quadro piorado de exploração de recursos 
(humanos e naturais) com remessa de lucros para os países originais de 
tais organizações.
Segundo Laski (1978, p.97 apud Plurimus Cultura e Desenvolvimento em 
Revista: Rio de Janeiro, Ano 1, Edição Zero, fevereiro 2012):
A necessidade de um mercado constantemente em expansão impele a 
burguesia a invadir todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda 
parte, criar vínculos em toda parte. Por meio de sua exploração do 
mercado mundial a burguesia deu um caráter cosmopolita à produção e ao 
consumo em todos os países.
Em decorrência de tal expansão alguns mercados pagam mal aos 
profissionais locais, algumas localidades apresentam-se extremamente 
poluídas (Caso TKCSA, em Santa Cruz, Rio de Janeiro) e outros locais 
encontram-se infrutíferos por terem sido exauridos apresentando até 
quadros de desertificação.
O discurso sustentável
Organizações apropriam-se inadequadamente do termo sustentabilidade 
como forma de diferenciarem-se de tantas outras. Porém, com um maior 
nível de instrução da sociedade brasileira e a criação de indicadores de
 sustentabilidade empresarial (ISE) tal prática tornou-se inviável mas 
ainda há exemplos no mercado como o da loja de bicicletas Fuji Bike, de 
Campinas, São Paulo que tem no seu site um link de sustentabilidade com a
 seguinte descrição:
Realizamos nossas atividades procurando o equilíbrio entre resultado e
 responsabilidade social. Em muitos momentos nos deparamos com situações
 difíceis, mas sempre pudemos contar com a valiosa contribuição de 
nossos colaboradores e parceiros para encontrarmos a melhor solução. O 
ambiente democrático incentiva a participação de todos, produzindo boas 
ideias e soluções para os processos e atividades cotidianas. O mercado 
extremamente competitivo nos põe à prova sistematicamente, mas sempre 
pudemos manter o crescimento e o equilíbrio financeiro. Pela própria 
natureza de nossos produtos, temos a felicidade de estarmos sempre em 
contato com meio ambiente e com atividades esportivas, o que nos torna 
especialmente sensíveis às causas ambientais, aumentando assim nosso 
comprometimento.
Nota-se em tal discurso o enfoque interno (resultados e capital 
humano) e não há menção a respeito, por exemplo, dos materiais usados na
 limpeza das bicicletas nem de qual destinação recebem pneus e câmaras 
de ar inutilizadas nem tampouco menção de um programa voltado ao 
desenvolvimento do capital humano. Mais um exemplo de discurso errado de
 sustentabilidade.
Da mesma forma Roedel (2012, p. 8 e 9) afirma que:
Enquanto a Apple conquista maiores fatias de mercado nos Estados 
Unidos e na Europa, a Foxconn, fábrica que produz o iphone na China 
enfrenta uma série de suicídios de seus trabalhadores, devido aos 
salários baixos e às condições de trabalho impostas. Isso remete à 
compreensão de Sachs (2009) de que não basta criar oportunidades de 
trabalho se elas ocorrerem em condições abomináveis. O trabalho deve se 
dar em condições decentes e que respeitem a dignidade do trabalhador.
Sustentabilidade ao nosso favor
A orientação neoliberal ditada aos mercados também chamada de 
globalização em que se estimula o consumo e, mais ainda, o consumismo 
faz com que se relute em crer na possibilidade de sucesso de empresas 
baseadas no Triple Bottom Line – os 3P's da sustentabilidade antes 
mencionados. De fato parece impossível tal feito nos momentos iniciais 
de implantação de uma nova filosofia ou novo paradigma mas o mercado tem
 provado que é possível e que é promissor para estas empresas.
Em recente entrevista à Revista Brasileira de Administração, o 
Publisher Ricardo Voltolini (2012, p. 37) afirmou: "há uma parcela 
importante do mercado disposta a pagar mais por produtos de menor 
impacto ambiental".
A esta afirmação pode-se acrescentar também empresas de prestação de 
serviços calcadas nas bases da sustentabilidade como a DryWash (empresa 
especializada em lavagem a seco de veículos). Tal empresa além de pensar
 seu negócio do ponto de vista do impacto ambiental o fez também 
pensando em seu capital humano projetando o crescimento de seus 
colaboradores possibilitando a eles se tornarem franqueados.
Outro caso seria o da empresa de cosméticos Natura com os refis, a linha Ekos, por exemplo.
Na mesma linha tem-se o caso da empresa Muzzicycles que produz, em São Paulo, bicicletas cujo quadro é feito de garrafas pet.
Dias (2006 apud Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011, p.73) 
reforça que o preço de um produto pode representar as informações 
referentes à sua qualidade. Muitos consumidores passaram a considerar o 
predicado ecológico como um valor agregado ao produto e se ele não 
preencher esse requisito é porque sua eficiência é inferior ao padrão de
 qualidade. Porém: "preço, benefícios e acessibilidade já não são tão 
atrativos se a procedência do produto não for evidenciada"(Revista 
Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011, p.73). Desta forma, o "P" de pessoas
 é mais valorizado pois a sociedade tem o entendimento que nada adianta 
preço baixo com boa qualidade se estes forem obtidos, por exemplo, por 
exploração da mão de obra ou ainda por inacessibilidade aos direitos 
trabalhistas através de contratações ilegais.
A implantação de uma gestão focada na sustentabilidade será inútil 
sem mudança de comportamento de todos os envolvidos (Stakeholders).
Conforme o SENAI (2008), "o aspecto fundamental a ser fixado é que a 
alteração concebida não deverá ocorrer apenas no campo conceitual, mas 
terá que acontecer, principalmente, no lado comportamental da questão, 
através da mudança de mentalidade e postura de todos os membros da 
Comunidade, sejam eles gerentes, planejadores, supervisores ou 
executantes". Destarte, não adianta a sociedade clamar por menor 
poluição se consome bens ou serviços poluentes, se o governo não adota a
 sustentabilidade e se o empresariado não se posiciona de forma 
condizente.
Segundo LEAL (2009, p.5):
As empresas, os governos e a sociedade civil organizada, como 
principais atores desse processo, devem atuar conjuntamente de modo a 
encontrar o ponto de equilíbrio entre as dimensões econômica, social e 
ambiental em todas as suas iniciativas e atividades de modo a garantir o
 bem estar da sociedade e o futuro do próprio planeta.
comentários finais
No âmbito de tudo o que foi abordado a sociedade já não mais se 
apresenta "inocente" como antes. Sua suscetibilidade aos maus 
comportamentos e discursos ditos sustentáveis tem diminuído dia a dia.
Isto porque o nível de educação e conscientização tem aumentado. As 
pessoas têm o discernimento de que não basta só falar que se é 
sustentável, elas querem provas de tal posicionamento empresarial. Tais 
provas ou exemplos foram apontados representando ainda muito pouco do 
que pode e, certamente, deve ser feito por representar a 
sustentabilidade um diferencial competitivo.
referências
AZEVEDO, João Humberto de. Sustentabilidade: Crescimento econômico 
com responsabilidade social. RBA, Brasília, DF, Ano 21, n. 87, p. 34-38,
 mar.- abr. 2012.
LEAL, Carlos Eduardo. A era das organizações sustentáveis. Novo Enfoque Revista Eletrônica: Rio de Janeiro, v.8, n.8, jun. 2009.
FILHO, Rogério Arcuri. Gestão da Manutenção Centrada na 
Sustentabilidade: Programa de Atualização Técnica. SENAI. Rio de 
Janeiro, 2008.
ROEDEL, Daniel. A sustentabilidade como requisito para a gestão 
competitiva. Plurimus Cultura e Desenvolvimento em Revista: Rio de 
Janeiro, Ano 1, Edição Zero, fevereiro 2012.
SANTOS, Gerliane; SOUZA, Marcelo Pereira; OLIVEIRA, Maria Tereza 
Ettinger; GONÇALVES, Hortência de Abreu. Sustentabilidade com foco nos 
negócios: Um diferencial competitivo nas empresas. Revista Hórus, v. 5, 
n. 1, jan.- mar. 2011.
LASKI, Harold J. O manifesto comunista de Marx e Engels. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1978.
HTTPS://www.fujibike.com.br/sustentabilidade.php > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://drywash.com.br/pt/Sustentabilidade/ > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://www.muzzicycles.com.br/muzzicycles_br/ > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://www.natura.net/br/index.html > Acesso em 27 mai. 2012.
Fonte: Administradores 
 

 
 
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