16 de jul. de 2012

Sustentabilidade Empresarial: Um diferencial no mercado brasileiro

“O homem é lobo do homem”! A orientação neoliberal ditada aos mercados também chamada de globalização nos tem levado ao desequilíbrio”. A sociedade tem o entendimento que de nada adianta preço baixo com exploração da mão de obra. Não adianta a sociedade clamar sem mudança de comportamento de todos.

Thomas Hobbes em seu "Leviatã", disse: "O homem é lobo do homem". Tal afirmação ilustra o momento pelo qual a sociedade mundial passa. Anos sucessivos de exploração de recursos (ambientais e humanos) com fins econômicos desenharam o cenário atual.
A situação atual do Planeta, que vive momentos difíceis de escolha de rumos, escassez crescente de recursos naturais, graves problemas trazidos pelo aquecimento global, inexistência de largos horizontes e 2,8 bilhões de pessoas vivendo com menos de $2,00 por dia – ou seja, uma grande "panela de pressão" – permite-nos supor, com base nas experiências passadas, que estamos próximos de grandes conquistas" (SENAI, 2008). Porém, é necessário um novo modelo de desenvolvimento para a sociedade que não este que nos tem levado ao desequilíbrio.



Foi neste contexto de desequilíbrio que tal artigo foi pensado e baseado na pesquisa em artigos de outros autores, sites de algumas empresas relevantes, periódico e revista com o intuito de apresentar formas de tornar as empresas brasileiras sustentáveis.
A relevância deste artigo está em se mostrar à sociedade brasileira meios de se ter maior qualidade de vida através da adoção de práticas sustentáveis.
Que novo modelo é este?!
O modelo tido como o novo paradigma é o da sustentabilidade apoiado sobre seus 3P's – People, Planet and Profit (Pessoas, Planeta e Lucro). Segundo Amâncio e Claro (2008 apud Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011), "a sustentabilidade no âmbito empresarial pode ser interpretada pela satisfação das necessidades dos indivíduos do cenário atual sem afetar as gerações futuras, isto porque, as práticas ambientais tornaram-se cada vez mais presentes nas entidades organizacionais". Da mesma forma, a sustentabilidade foi conceituada pela comissão Brundtland como: "Um novo paradigma de desenvolvimento no qual as necessidades do presente são atendidas, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades" (Nosso Futuro Comum apud LEAL, 2009). Uma outra forma de conceituar a sustentabilidade seria mencionando "o Triple Bottom Line, conhecido como os três pés – People, Planet and Profit (pessoas, planeta e lucro)" (RBA, Brasília, DF, Ano 21, n. 87, p. 34-38, mar.- abr. 2012) sendo o primeiro "P" referente ao capital humano, o segundo "P" à questão ambiental e o terceiro "P" ao lucro ou resultado financeiro das organizações.
Em resumo, sustentabilidade é compatibilizar desempenhos social, ambiental e econômico dando especial importância à procedência daquilo que nos é apresentado ou mesmo ofertado.
Por que ser sustentável?!
Diante do atual cenário fruto de séculos de degradação, principalmente ambiental, notadamente nas quatro últimas décadas viu-se o escasseamento dos recursos naturais e a degradação das populações locais em prol de organizações que, na maioria, nem nacionais eram evidenciando-se assim um quadro piorado de exploração de recursos (humanos e naturais) com remessa de lucros para os países originais de tais organizações.
Segundo Laski (1978, p.97 apud Plurimus Cultura e Desenvolvimento em Revista: Rio de Janeiro, Ano 1, Edição Zero, fevereiro 2012):
A necessidade de um mercado constantemente em expansão impele a burguesia a invadir todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda parte, criar vínculos em toda parte. Por meio de sua exploração do mercado mundial a burguesia deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.
Em decorrência de tal expansão alguns mercados pagam mal aos profissionais locais, algumas localidades apresentam-se extremamente poluídas (Caso TKCSA, em Santa Cruz, Rio de Janeiro) e outros locais encontram-se infrutíferos por terem sido exauridos apresentando até quadros de desertificação.
O discurso sustentável
Organizações apropriam-se inadequadamente do termo sustentabilidade como forma de diferenciarem-se de tantas outras. Porém, com um maior nível de instrução da sociedade brasileira e a criação de indicadores de sustentabilidade empresarial (ISE) tal prática tornou-se inviável mas ainda há exemplos no mercado como o da loja de bicicletas Fuji Bike, de Campinas, São Paulo que tem no seu site um link de sustentabilidade com a seguinte descrição:
Realizamos nossas atividades procurando o equilíbrio entre resultado e responsabilidade social. Em muitos momentos nos deparamos com situações difíceis, mas sempre pudemos contar com a valiosa contribuição de nossos colaboradores e parceiros para encontrarmos a melhor solução. O ambiente democrático incentiva a participação de todos, produzindo boas ideias e soluções para os processos e atividades cotidianas. O mercado extremamente competitivo nos põe à prova sistematicamente, mas sempre pudemos manter o crescimento e o equilíbrio financeiro. Pela própria natureza de nossos produtos, temos a felicidade de estarmos sempre em contato com meio ambiente e com atividades esportivas, o que nos torna especialmente sensíveis às causas ambientais, aumentando assim nosso comprometimento.
Nota-se em tal discurso o enfoque interno (resultados e capital humano) e não há menção a respeito, por exemplo, dos materiais usados na limpeza das bicicletas nem de qual destinação recebem pneus e câmaras de ar inutilizadas nem tampouco menção de um programa voltado ao desenvolvimento do capital humano. Mais um exemplo de discurso errado de sustentabilidade.
Da mesma forma Roedel (2012, p. 8 e 9) afirma que:
Enquanto a Apple conquista maiores fatias de mercado nos Estados Unidos e na Europa, a Foxconn, fábrica que produz o iphone na China enfrenta uma série de suicídios de seus trabalhadores, devido aos salários baixos e às condições de trabalho impostas. Isso remete à compreensão de Sachs (2009) de que não basta criar oportunidades de trabalho se elas ocorrerem em condições abomináveis. O trabalho deve se dar em condições decentes e que respeitem a dignidade do trabalhador.
Sustentabilidade ao nosso favor
A orientação neoliberal ditada aos mercados também chamada de globalização em que se estimula o consumo e, mais ainda, o consumismo faz com que se relute em crer na possibilidade de sucesso de empresas baseadas no Triple Bottom Line – os 3P's da sustentabilidade antes mencionados. De fato parece impossível tal feito nos momentos iniciais de implantação de uma nova filosofia ou novo paradigma mas o mercado tem provado que é possível e que é promissor para estas empresas.
Em recente entrevista à Revista Brasileira de Administração, o Publisher Ricardo Voltolini (2012, p. 37) afirmou: "há uma parcela importante do mercado disposta a pagar mais por produtos de menor impacto ambiental".
A esta afirmação pode-se acrescentar também empresas de prestação de serviços calcadas nas bases da sustentabilidade como a DryWash (empresa especializada em lavagem a seco de veículos). Tal empresa além de pensar seu negócio do ponto de vista do impacto ambiental o fez também pensando em seu capital humano projetando o crescimento de seus colaboradores possibilitando a eles se tornarem franqueados.
Outro caso seria o da empresa de cosméticos Natura com os refis, a linha Ekos, por exemplo.
Na mesma linha tem-se o caso da empresa Muzzicycles que produz, em São Paulo, bicicletas cujo quadro é feito de garrafas pet.
Dias (2006 apud Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011, p.73) reforça que o preço de um produto pode representar as informações referentes à sua qualidade. Muitos consumidores passaram a considerar o predicado ecológico como um valor agregado ao produto e se ele não preencher esse requisito é porque sua eficiência é inferior ao padrão de qualidade. Porém: "preço, benefícios e acessibilidade já não são tão atrativos se a procedência do produto não for evidenciada"(Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011, p.73). Desta forma, o "P" de pessoas é mais valorizado pois a sociedade tem o entendimento que nada adianta preço baixo com boa qualidade se estes forem obtidos, por exemplo, por exploração da mão de obra ou ainda por inacessibilidade aos direitos trabalhistas através de contratações ilegais.
A implantação de uma gestão focada na sustentabilidade será inútil sem mudança de comportamento de todos os envolvidos (Stakeholders).
Conforme o SENAI (2008), "o aspecto fundamental a ser fixado é que a alteração concebida não deverá ocorrer apenas no campo conceitual, mas terá que acontecer, principalmente, no lado comportamental da questão, através da mudança de mentalidade e postura de todos os membros da Comunidade, sejam eles gerentes, planejadores, supervisores ou executantes". Destarte, não adianta a sociedade clamar por menor poluição se consome bens ou serviços poluentes, se o governo não adota a sustentabilidade e se o empresariado não se posiciona de forma condizente.
Segundo LEAL (2009, p.5):
As empresas, os governos e a sociedade civil organizada, como principais atores desse processo, devem atuar conjuntamente de modo a encontrar o ponto de equilíbrio entre as dimensões econômica, social e ambiental em todas as suas iniciativas e atividades de modo a garantir o bem estar da sociedade e o futuro do próprio planeta.
comentários finais
No âmbito de tudo o que foi abordado a sociedade já não mais se apresenta "inocente" como antes. Sua suscetibilidade aos maus comportamentos e discursos ditos sustentáveis tem diminuído dia a dia.
Isto porque o nível de educação e conscientização tem aumentado. As pessoas têm o discernimento de que não basta só falar que se é sustentável, elas querem provas de tal posicionamento empresarial. Tais provas ou exemplos foram apontados representando ainda muito pouco do que pode e, certamente, deve ser feito por representar a sustentabilidade um diferencial competitivo.

referências
AZEVEDO, João Humberto de. Sustentabilidade: Crescimento econômico com responsabilidade social. RBA, Brasília, DF, Ano 21, n. 87, p. 34-38, mar.- abr. 2012.
LEAL, Carlos Eduardo. A era das organizações sustentáveis. Novo Enfoque Revista Eletrônica: Rio de Janeiro, v.8, n.8, jun. 2009.
FILHO, Rogério Arcuri. Gestão da Manutenção Centrada na Sustentabilidade: Programa de Atualização Técnica. SENAI. Rio de Janeiro, 2008.
ROEDEL, Daniel. A sustentabilidade como requisito para a gestão competitiva. Plurimus Cultura e Desenvolvimento em Revista: Rio de Janeiro, Ano 1, Edição Zero, fevereiro 2012.
SANTOS, Gerliane; SOUZA, Marcelo Pereira; OLIVEIRA, Maria Tereza Ettinger; GONÇALVES, Hortência de Abreu. Sustentabilidade com foco nos negócios: Um diferencial competitivo nas empresas. Revista Hórus, v. 5, n. 1, jan.- mar. 2011.
LASKI, Harold J. O manifesto comunista de Marx e Engels. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1978.
HTTPS://www.fujibike.com.br/sustentabilidade.php > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://drywash.com.br/pt/Sustentabilidade/ > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://www.muzzicycles.com.br/muzzicycles_br/ > Acesso em 27 mai. 2012.
HTTP://www.natura.net/br/index.html > Acesso em 27 mai. 2012.

Fonte: Administradores

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