preocupação em obter formas mais ecológicas de exercer as
atividades humanas. Com isso, o setor da construção civil começou a
desenvolver uma nova forma de construir, forma essa que não
comprometesse os recursos naturais existentes.
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BBel Uol |
O doutor e professor, Aldomar Pedrini, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e coordenador da pesquisa Rede de Eficiência em
Edificações (R3E)/Eletrobras acredita que, atualmente, não haja
construções que se encaixem nesse conceito. Mas “é possível afirmar que
há imóveis com diferentes níveis de impacto ambiental e que devemos nos
dedicar para minimizar esse impacto cada vez mais para mitigar a
degradação ambiental”, afirmou.
As unidades habitacionais devem ser capazes de aproveitar e
reutilizar a água das chuvas, reciclar seus resíduos domésticos, possuir
materiais certificados, madeira de reflorestamento, cobertura verde e
não promover a emissão de gases de efeito estufa, além de serem
energeticamente eficientes, ou seja, que possam garantir a geração de
energia elétrica, em muitos casos de forma autossuficiente, com a
captação de energia solar através de placas fotovoltaicas e reduzir o
consumo de energia elétrica adquirida, utilizando lâmpadas LED,
isolamento térmico – que evita o uso de condicionadores de ar para o
resfriamento ou aquecimento do local e eletrodomésticos que consomem
menos energia, de preferência os que possuam etiquetagem de nível A do
Inmetro e o Selo Procel Eletrobras.
O professor da UFRN acredita que o primeiro passo para reduzir o
impacto ambiental nas edificações, seria otimizar o uso da construção.
“Uma residência deve ter um tamanho compatível com o número de pessoas
que a ocupam. Não faz sentido uma casa grande para poucas pessoas. Sendo
assim, é necessária uma conscientização do proprietário do imóvel”.
Além de otimizar o espaço, Aldomar Pedrini destaca a importância de
se contratar um profissional experiente na área, pois as providências
necessárias para projetar uma construção eficiente passa por questões
específicas como as decisões arquitetônicas, a geometria da edificação e
a sua posição em relação à insolação e a incidência dos ventos.
“As escolhas dos sistemas construtivos e aberturas também podem fazer
muita diferença, pois essas decisões podem favorecer a redução do
consumo de energia da edificação ao longo da vida útil do imóvel, que é
um dos principais impactos ambientais”
As vantagens de optar por um projeto de baixo impacto ambiental e
energético desde a concepção do projeto arquitetônico, segundo o
professor da UFRN, são enormes, sobretudo quanto ao custo e a eficácia
das medidas adotadas. Ele ressalta que “muitas decisões não tem custo
adicional. Além de que deve haver uma compatibilização das questões de
impacto ambiental com as muitas outras do projeto arquitetônico, que são
tão importantes quanto o custo”, disse.
Existem milhões de edificações construídas no método convencional, no
mundo. E ainda assim, é possível optar por melhorar a eficiência
energética das construções. O professor Pedrini diz que com “medidas
simples, mas muito eficientes, como pintar a edificação com cores
claras, sobretudo a coberta – para refletir a radiação solar, investir
em isolamento nas cobertas ou ventilação do ático, adaptar protetores
solar – móveis ou fixos nas aberturas, podem contribuir para diminuir o
impacto da edificação”.
“O paisagismo também pode ser muito importante, porque protege da
radiação solar direta e reduz as temperaturas das superfícies que
circundam a edificação”, afirmou.
Vale lembrar que, a decisão de agredir menos o meio ambiente é única e
exclusiva da consciência de cada um. Até mesmo um único apartamento, de
um prédio convencional, pode contribuir tornando-se mais eficiente
energeticamente. Segundo o professor Aldomar Pedrini, “as medidas mais
acessíveis no interior do imóvel seria aplicar cores claras nas
superfícies e adotar lay-outs abertos para iluminar e ventilar”. E
completa, “inclusive é muito melhor usar ventilador de teto antes de
ligar o condicionador de ar, pois seu consumo é de apenas 1/10. O uso de
lâmpadas eficientes é importante, plantas em varandas contribuem de
várias formas”.
“Antes de construir, se atentarmos para a
posição da edificação e a incidência dos ventos, colaboramos com a
eficiência energética”, diz Pedrini
As novas unidades habitacionais experimentais que surgiram na Europa e
nos Estados Unidos acabaram sendo um grande sucesso comercial e
lançaram a base para um novo jeito de construir. Isso trouxe em
evidência o retorno comercial da venda de imóveis sustentáveis e fez
dessa base o conceito fundamental para uma nova realidade cotidiana das
grandes cidades.
Para o vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do
Mercado Imobiliário (Ademi), Cláudio Hermolin, o crescimento de ofertas
de imóveis sustentáveis deve ser dado por estímulo dos órgãos públicos.
“Tendo em vista a valorização destes itens pelo mercado e o estímulo à
utilização criada por prefeituras e órgãos públicos, como por exemplo, o
Selo Qualiverde, criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que tem no
seu escopo a redução de impostos as incorporadoras que utilizarem itens
sustentáveis em seus projetos”.
Hermolin ainda considera pequena a oferta das construtoras para esse
nicho, principalmente residencial. “Hoje as ofertas de imóveis com
conceitos de sustentabilidade ainda são pequenas face as ofertas
totais”, afirmou.
Segundo o vice-presidente da Ademi, uma obra sustentável pode ficar
até 25% mais cara do que uma construção tradicional, “a maior barreira
ainda é o valor para se implementar itens sustentáveis relevantes. A
Ademi fez um levantamento para auxiliar a Prefeitura do Rio na criação
do Selo Qualiverde, onde mostramos que a obra pode ficar 25% mais cara
se utilizarmos todos os itens de sustentabilidade disponíveis no mercado
para um projeto padrão”.
Para o professor Pedrini, é possível construir casas de baixo consumo
energético com custos viáveis e diz que a participação nesse processo
parte de cada indivíduo como parte do mundo. “Sem mudanças internas dos
valores pessoais, a questão ambiental corre o risco de continuar
provocando danos irreversíveis ao planeta”. E completa, “mas se
considerarmos somente o custo, temos várias experiências que demonstram
não haver encarecimento em edificações que são mais eficientes quanto ao
uso de energia. Isso ocorre porque a geometria da edificação,
frequentemente, é mais importante que os tipos de materiais utilizados,
ou seja, depende muito mais do traço do arquiteto”.
É sabido que os prédios sustentáveis acabam sendo responsáveis por
uma economia grande com os gastos de manutenção e com as contas de
serviços públicos. O vice-presidente da Ademi ressalta que essa
informação ainda é pouco divulgada, por falta de análises mais
profundas. “Estão sendo feitos estudos mais específicos para analisar as
economias geradas nas cotas condominiais nos projetos com itens
sustentáveis”, disse.
Esse é o aspecto sobre as construções sustentáveis que mais deve ser
explorado para o público brasileiro. Pois aliar as perspectivas de
proteção ambiental e de conservação de recursos naturais com uma
economia nas contas de água e de luz, pode representar uma atração
irresistível para o consumidor.
“O Brasil está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e já
observamos em pesquisas que estas questões começam a ser levantadas como
importantes, porém o custo da implantação deve ser mais acessível, pois
hoje só conseguimos viabilizá-los em empreendimentos de maior valor de
venda”, afirma Hermolin.
O professor da UFRN, Aldomar Pedrini, concorda que ainda temos um
longo caminho para percorrer. “A redução do impacto ambiental ainda tem
seu custo porque o mercado de produtos sustentáveis precisa se
desenvolver mais. Contudo, se fizermos um balanço do custo-benefício e
considerar aspectos sociais, muitas medidas são justificadas
economicamente”.
Os imóveis mais eficientes e econômicos que proporcionam uma
qualidade de vida aos seus moradores começaram a representar um
percentual cada vez maior dentro das carteiras de venda das construtoras
que se dedicaram a este nicho de mercado que está em formação.
Atualmente no Brasil, apenas 1% dos prédios podem ser considerados
sustentáveis. Porém, até 2013 esse percentual deve subir para 37% em
capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, podendo chegar, em Curitiba,
em até 50%, segundo pesquisa do governo do Paraná.
No futuro, especialistas mais otimistas com o mercado imobiliário
confirmam que em pouco tempo toda a energia consumida por uma família em
atividades cotidianas como aquecer a água, usar eletrodomésticos e até
mesmo recarregar um veículo elétrico, será fornecida pelo próprio
edifício através de fontes renováveis.
Investir em imóveis sustentáveis não é só garantir lucros e economia
de recursos, é a chance para um futuro melhor e uma vida menos
degradante e menos poluída nas grandes cidades do futuro.
Assim, com inteligência, modernidade e com um pensamento voltado para
o bem-estar futuro de nossas cidades, os edifícios verdes representarão
a solução prática para um dilema que assola os grandes centros urbanos
mundiais.
Fonte: Procel Info
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