14 de jun. de 2012

Entenda sobre finanças sustentáveis

Finanças Sustentáveis já é próximo passo para a evolução do capitalismo, com o usufruto racional dos recursos, preocupando-se com o consumo presente e futuro da sociedade

No inicio da década de 60, surge um movimento mundial do uso do poder fiduciário e as formas de alocação de capital como ativismo dos valores e ideais éticos dos investidores, onde os bancos só financiava seus projetos se as empresas não gerassem impactos para o meio ambiente e para a sociedade. O movimento começa com fundos de investimento vinculados a organizações religiosas, e estes deram o primeiro passo para o que hoje chamados de Investimentos Socialmente Responsáveis ou RSI (Socially Responsible Investments).


Tempos depois, já na década de 90, as instituições financeiras passaram a ser pressionadas pela sociedade civil, que se organizava em campanhas massivas sobre a responsabilidade do credor, visando pensar na forma de uso e aplicação desses recursos financeiros. Visando frear estar situação, várias campanhas surgiram, a exemplo disto foi a da RainForest Alliance, que buscava questionar esses credores, de grandes bancos, sobre a forma de aplicação desses recursos depositados, onde estas empresas poderiam fechar a sua conta bancária ou a cortar o cartão de crédito como forma de protesto, em repúdio à forma de gestão dos bancos.
A partir disto, as instituições financeiras passaram a desempenhar um papel decisivo na promoção da melhoria da qualidade socioambiental. Isso ocorre não apenas em função da importância dos ativos financeiros na atividade econômica, mas na decorrência da necessidade de se proteger dos crescentes riscos financeiros, além de legais e de reputação, causados por práticas sociais e ambientais não conformes. Esse engajamento do setor financeiro passou a ser conhecido como Finanças Sustentáveis.
De acordo com Brito & Gonzalez (GVces), o termo Finanças Sustentáveis pode ser definido como a efetiva utilização de variáveis relacionadas à sustentabilidade nos processos decisórios do mercado financeiro. Um exemplo trivial é que um banco pode negar credito a uma empresa cujas praticas de negócios causem danos ao meio ambiente, ou seja, a instituição financeira levou em consideração uma variável nitidamente associada à sustentabilidade em meio ao seu processo decisório ao crédito. O contrario também é muito válido, onde uma empresa que adota práticas sustentáveis pode auxiliar na liberação de credito para a mesma.
É possível, então, entender que finanças sustentáveis diz respeito à atuação do sistema financeiro de forma economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. Ou seja, preconiza que a aplicação dos recursos financeiros esteja alinhada aos princípios de desenvolvimento sustentável.
Até recentemente, o papel dos mercados financeiros, no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável, era pouco compreendido e amplamente desconsiderado. Os Princípios para o Investimento Responsável ajudaram a mudar esta impressão.
Lançado em abril de 2006, os PRI's são um conjunto das melhores práticas globais para o investimento responsável, tornando-se rapidamente um marco global para o investimento responsável. Com um número crescente de investidores institucionais, este tornou-se um grande avanço nos principais mercados financeiros.
Com a incorporação de critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG – Environmental, Social and Corporate Governance) nas tomadas de decisões sobre investimentos e de práticas de direito de propriedade, os principais signatários dos PRI's acabam por influenciar diretamente as empresas a fim de melhorar o desempenho nestas áreas, contribuindo assim para a geração de uma boa cidadania corporativa, para construir uma economia global mais estável, sustentável e inclusiva. Por isso, acredita-se que tais critérios podem afetar o desempenho das carteiras de investimento (variando entre empresas, setores, regiões, classe de ativos e através do tempo).
No Brasil, a BM&FBOVESPA aderiu os Princípios para o Investimento Responsável em 03 de março de 2010, visando estimular investidores e companhias a reportarem iniciativas socioambientais ao mercado. A adesão da BM&FBOVESPA às diretrizes do PRI reforça e amplia o compromisso do número de práticas socioambientais já implantadas pelas empresas. É importante frisar do fato que a BM&FBOVESPA ter sido a primeira bolsa no mundo a assinar o Pacto Global da ONU, em 2004, e a criação de um dos principais Índices de Sustentabilidade, o ISE.
Portanto, as Finanças Sustentáveis já é próximo passo para a evolução do capitalismo, com o usufruto racional dos recursos, preocupando-se com o consumo presente e futuro da sociedade.

Fonte: Administradores 

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