Finanças Sustentáveis já é próximo passo para a evolução do capitalismo, com o usufruto racional dos recursos, preocupando-se com o consumo presente e futuro da sociedade
No inicio da década de 60, surge um movimento mundial do uso
do poder fiduciário e as formas de alocação de capital como ativismo
dos valores e ideais éticos dos investidores, onde os bancos só
financiava seus projetos se as empresas não gerassem impactos para o
meio ambiente e para a sociedade. O movimento começa com fundos de
investimento vinculados a organizações religiosas, e estes deram o
primeiro passo para o que hoje chamados de Investimentos Socialmente
Responsáveis ou RSI (Socially Responsible Investments).
Tempos depois, já na década de 90, as instituições financeiras
passaram a ser pressionadas pela sociedade civil, que se
organizava em campanhas massivas sobre a responsabilidade do
credor, visando pensar na forma de uso e aplicação desses
recursos financeiros. Visando frear estar situação, várias campanhas
surgiram, a exemplo disto foi a da RainForest Alliance, que buscava
questionar esses credores, de grandes bancos, sobre a forma de aplicação
desses recursos depositados, onde estas empresas poderiam fechar a sua
conta bancária ou a cortar o cartão de crédito como forma de
protesto, em repúdio à forma de gestão dos bancos.
A partir disto, as instituições financeiras passaram a desempenhar
um papel decisivo na promoção da melhoria da qualidade
socioambiental. Isso ocorre não apenas em função da importância
dos ativos financeiros na atividade econômica, mas na decorrência
da necessidade de se proteger dos crescentes riscos
financeiros, além de legais e de reputação, causados por
práticas sociais e ambientais não conformes. Esse engajamento do
setor financeiro passou a ser conhecido como Finanças Sustentáveis.
De acordo com Brito & Gonzalez (GVces), o termo Finanças
Sustentáveis pode ser definido como a efetiva utilização de variáveis
relacionadas à sustentabilidade nos processos decisórios do mercado
financeiro. Um exemplo trivial é que um banco pode negar credito a
uma empresa cujas praticas de negócios causem danos ao meio
ambiente, ou seja, a instituição financeira levou em consideração
uma variável nitidamente associada à sustentabilidade em meio
ao seu processo decisório ao crédito. O contrario também é muito
válido, onde uma empresa que adota práticas sustentáveis pode
auxiliar na liberação de credito para a mesma.
É possível, então, entender que finanças sustentáveis diz respeito à
atuação do sistema financeiro de forma economicamente viável,
socialmente justa e ambientalmente correta. Ou seja, preconiza
que a aplicação dos recursos financeiros esteja alinhada aos
princípios de desenvolvimento sustentável.
Até recentemente, o papel dos mercados financeiros, no que diz
respeito ao desenvolvimento sustentável, era pouco compreendido e
amplamente desconsiderado. Os Princípios para o Investimento
Responsável ajudaram a mudar esta impressão.
Lançado em abril de 2006, os PRI's são um conjunto das melhores
práticas globais para o investimento responsável, tornando-se
rapidamente um marco global para o investimento responsável. Com um
número crescente de investidores institucionais, este tornou-se um
grande avanço nos principais mercados financeiros.
Com a incorporação de critérios ambientais, sociais e de
governança corporativa (ESG – Environmental, Social and Corporate
Governance) nas tomadas de decisões sobre investimentos e de
práticas de direito de propriedade, os principais signatários dos
PRI's acabam por influenciar diretamente as empresas a fim de melhorar o
desempenho nestas áreas, contribuindo assim para a geração de uma boa
cidadania corporativa, para construir uma economia global mais
estável, sustentável e inclusiva. Por isso, acredita-se que tais
critérios podem afetar o desempenho das carteiras de
investimento (variando entre empresas, setores, regiões, classe de
ativos e através do tempo).
No Brasil, a BM&FBOVESPA aderiu os Princípios para o
Investimento Responsável em 03 de março de 2010, visando estimular
investidores e companhias a reportarem iniciativas socioambientais ao
mercado. A adesão da BM&FBOVESPA às diretrizes do PRI reforça e
amplia o compromisso do número de práticas socioambientais já
implantadas pelas empresas. É importante frisar do fato que a
BM&FBOVESPA ter sido a primeira bolsa no mundo a assinar o Pacto
Global da ONU, em 2004, e a criação de um dos principais
Índices de Sustentabilidade, o ISE.
Portanto, as Finanças Sustentáveis já é próximo passo para a evolução
do capitalismo, com o usufruto racional dos recursos, preocupando-se
com o consumo presente e futuro da sociedade.
Fonte: Administradores
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