“Isso é uma tendência das grandes cidades de ter uma horta nas lajes e no alto dos edifícios. Não só pela alimentação orgânica com produtos mais frescos, mas por encurtar distâncias e gerar renda. Ainda tem o efeito benéfico em relação à mudança do clima, pois (com o telhado verde) a incidência solar não é refletida tão fortemente como numa laje de concreto”, explicou a presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, instituição facilitadora da iniciativa.
A horta orgânica faz parte do projeto chamado ‘Rio Cidade Sustentável’ que foi apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho.
Cabe em qualquer lugar
“Uma horta urbana é feita normalmente em pequenos espaços, no caso das comunidades, em lajes ou quintais”, disse a ((o))eco Suyá Presta, coordenador da frente de agricultura urbana orgânica responsável pelo curso.
Os materiais utilizados para fazer os canteiros são os mais variados possíveis. Os moradores da Babilônia e do Chapéu Mangueira encheram de terra telhas tipo calhetão, sem amianto, usadas para grandes coberturas. Também usaram sacolas feitas com uma lona agrícola atóxica para plantas com raízes mais profundas, como o caso de leguminosas.
Suyá diz que é possível fazer uma horta até mesmo numa geladeira velha quebrada, em uma caixa ou em diferentes materiais adaptáveis. “Até com garrafa PET dá para fazer. Isso vai de acordo com a capacidade e o poder aquisitivo de cada um”.
As duas comunidades vizinhas já contam com 10 hortas, cada uma com três canteiros de 3 metros por 1,20 m. "A gente está trabalhando com um sistema de produção contínua em agroecologia”, explica o coordenador. Isso quer dizer que, num mesmo canteiro, se cultiva o maior diversidade e quantidade possível de produtos.
Agricultura na laje ameniza calor
Suyá percebeu que havia interesse dos moradores. “Eles tem a demanda de viver num lugar mais bonito, com temperatura mais amena”. A agricultura na laje ou no quintal ajuda a diminuir a temperatura da casa e do ambiente. Depende do tipo de cobertura, mas chega a fazer diferença de 3 a 4 graus a menos.
A turma do projeto piloto teve 16 alunos. O curso começou em abril e durou 5 meses, com duas aulas semanais de 3 horas cada. Cada aluno foi presenteado com regador, avental e um kit com ferramentas para ajudar no trabalho da horta.
‘Não tem mistério’
A horta de Seu Beto virou o xodó da casa. Lá tem alface, agrião, pimenta, alecrim, hortelã, tomate cereja, alface americana e rúcula. Ele mexe na terra, pelo menos, duas vezes por dia. A primeira colheita será feita em fevereiro de 2013, e os alunos esperam com ansiedade.
A dona de casa Reina Maria Pereira da Silva, de 58 anos, também foi aluna. “Existem técnicas e planejamento da hora de colher nos meses de verão e inverno. Nós aprendemos em grupo e um foi ajudando o outro. Tudo vai ser para consumo próprio e para doar para as escolinhas na comunidade”, disse a ((o))eco Dona Reina. Hoje, ela já fala em fazer uma feirinha de produtos orgânicos e foi convidada para ajudar a montar outras três hortas na Ladeira dos Tabajaras, outra comunidade próxima no bairro de Copacabana.
Além da horta, os moradores também estão desenvolvendo minhocários, usados para fazer compostagem com o lixo orgânico. "É uma nova cultura, pois tudo pode ser aproveitado, desde o talo do alimento até os resíduos no adubo orgânico”, diz Marina Grossi do CEBDS.
Fonte: oeco
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