O Instituto Mara Gabrilli – IMG lançou, no início de maio, o Guia Online de Acessibilidade Cultural da Cidade de São Paulo. A iniciativa, elaborada em parceria com a Secretaria de Cultura de São Paulo e a Sabesp, disponibiliza informações sobre espaços culturais preparados para receber qualquer perfil de público, inclusive pessoas com dificuldades de locomoção, pessoas de baixa estatura, crianças e qualquer uma das cerca de 1,5 milhão de pessoas com deficiência que vivem na capital paulista. O guia elegeu os 186 espaços que melhor atendem a tais pessoas, entre teatros, museus, cinemas, centros culturais, casas de espetáculos e bibliotecas.
A partir de setembro, o Guia Online de Acessibilidade Cultural passará a contar com a participação do público, que poderá avaliar a acessibilidade dos espaços culturais respondendo a um formulário online. Já no primeiro semestre de 2013, o guia passará a registrar informações de equipamentos de todo o Estado de São Paulo e, a partir de 2014, o site deverá tornar-se nacional. “Ele é um guia inédito aqui no Brasil: online, interativo e atualizado. A nossa ideia é poder multiplicar a iniciativa para todos os municípios de São Paulo e ir para outros Estados”, contou Mara Gabrilli, fundadora do IMG.
Segundo dados do IBGE de 2010, existem no Brasil 46,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, 9,3 milhões delas somente no Estado de São Paulo. “Uma grande parte dos espaços não tem algumas adaptações, tanto no que diz respeito à acessibilidade física quanto à acessibilidade de conteúdo”, contou Mara Gabrilli. Durante a avaliação feita para a formulação do guia, 315 espaços da capital paulista foram avaliados. “Tivemos surpresas positivas e negativas. Alguns lugares que há anos não tem acessibilidade continuam não tendo. O Museu do Ipiranga, por exemplo, desde que fiquei cadeirante ouço essa história de que as pessoas não conseguem chegar ao segundo andar. Essa é uma surpresa péssima. Agora, tivemos também surpresas maravilhosas como o Sesc, como alguns museus de São Paulo, como algumas bibliotecas, e isso é super gratificante”, disse.
De acordo com a fundadora do IMG, o instituto vem sendo procurado por pessoas interessadas na multiplicação da experiência e por gestores de equipamentos culturais interessados em incluir no guia os espaços que administram. “Tem muita gente nos procurando para fazer essa multiplicação, assim como tem muito equipamento cultural que tem nos procurado para participar do guia”, contou.
Mara explica que gestores interessados em melhorar a acessibilidade dos espaços culturais podem procurar o IMG para orientação e recomenda os guias e cartilhas disponíveis para download na página http://maragabrilli.com.br/livros. “Com isso, o gestor saberá como melhorar a acessibilidade do espaço. A ideia do guia também é essa, valorizar aqueles que estão oferecendo acessibilidade e estimular os que não estão a fazê-lo. Por isso, estamos bem satisfeitos com essa repercussão de vários equipamentos nos procurando para serem incluídos no guia”, disse.
Políticas públicas para a acessibilidade
Segundo Mara Gabrilli, a legislação brasileira que trata da acessibilidade para pessoas com necessidades especiais é bastante completa e vasta, uma das melhores do mundo no tema. “Porém, na hora de executar essa política pública, ainda estamos muito distantes de um modelo ideal. Acho que só hoje, em 2012, podemos dizer que o tema entrou mais profundamente, por exemplo, no governo federal”. Mara foi secretária da primeira Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência criada no Brasil, em 2005, em São Paulo. Desde então, outros municípios também criaram suas secretarias para tratar do tema. “Acho que essas secretarias são um marco de quando o tema entrou na administração pública, porque até então a gente tinha muitos esforços de ONGs, de pessoas com deficiências, de familiares, mas não tinha uma ação mais sinergizada do poder público. Isso só foi acontecer a partir de 2005, com a criação da secretaria em São Paulo, o que começou a se multiplicar por outros municípios”. Mara avalia que um caminho foi traçado e as políticas públicas para pessoas com deficiências estão sendo disseminadas pelo Brasil. “Ainda é muito insipiente se avaliarmos o Brasil inteiro, mas chegamos a um ponto em que, hoje, já se vê fazer parte da agenda nacional executar política pública para esse segmento”, disse.
Para fazer denúncias sobre falta de acessibilidade, Mara recomenda o seguinte link, de seu próprio site: http://maragabrilli.com.br/denuncie. “É muito importante fazer com que a população aguce o olhar para denunciar, já que as denúncias são ferramentas de trabalho para os gestores”, explicou.
Fonte: Blog Acesso
Fonte: Blog Acesso
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