A Microsoft e outras empresas que participam do fórum empresarial na
Rio+20 não poupam esforços para mostrar como respeitam o meio ambiente,
mas os críticos se mantêm céticos sobre seus compromissos. Cerca de mil
diretores e presidentes de empresas de todo o mundo participam do Fórum
de Sustentabilidade Corporativa, organizado pelo grupo Global Compact,
uma iniciativa da ONU para estimular as empresas a respeitarem os
direitos humanos, as leis do trabalho, o meio ambiente e a adotar
princípios contra a corrupção.
Muitos atenderam à convocação para fazer o que for correto e se
comprometeram a agir para obter progressos em seis temas centrais:
energia e clima, água e ecossistemas, agricultura e alimentos,
desenvolvimento social, cidades e urbanização, economia e financiamento.
Neste domingo, a titã da tecnologia Microsoft anunciou planos para
manter em zero as emissões de gases do efeito estufa em seus bancos de
dados, laboratórios de desenvolvimento de programas de informática e nas
viagens aéreas de seus funcionários ao impulsionar a eficiência
energética e a aquisição de energia renovável.
"Dissemos que seríamos neutros na emissão de gases contaminantes a
partir de 1º de julho", disse Rob Bernard, chefe de estratégia ambiental
da Microsoft, em uma entrevista coletiva à imprensa. A meta será obtida
em parte por meio de compensações, ou seja, equilibrando a quantidade
de CO2 emitida com uma mesma quantidade capturada, ou comprando créditos
de carbono o suficiente para compensar a diferença. A ArcelorMittal,
maior fabricante de aço do mundo, com sede em Luxemburgo, indicou que
para 2020 reduzirá suas emissões em 8% para cada tonelada de aço
produzida.
No Brasil, a Netafim, líder mundial em irrigação inteligente, indicou
que trabalha com o governo para instalar mil sistemas de irrigação por
gotejamento em pequenas propriedades no Piauí até 2014. A irrigação com
gotas ajuda a economizar água e fertilizante ao permitir que o líquido
chegue lentamente às raízes das plantas.
A gigante americana química Dupont prometeu investir 10 bilhões de
dólares até 2020 em pesquisas e no desenvolvimento de planos para lançar
4 mil novos produtos até o final desse ano com o objetivo de produzir
mais alimentos, melhorar a nutrição e a sustentabilidade agrícola e
alimentar no mundo.
As estatais sul-africana Eskom e a americana Duke Energy prometeram
colaborar com o desenvolvimento de um mapa de eletrificação para
garantir que 500 milhões de pessoas na África e nos países em
desenvolvimento tenham acesso à energia até 2025.
Esses são alguns dos mais de 100 compromissos que os organizadores
asseguram que serão anunciados até segunda-feira no fórum empresarial,
junto com recomendações para os líderes mundiais da Rio+20 que se
reunirão de quarta a sexta-feira.
Os críticos, no entanto, acusam a "Global Compact" de atuar como uma
ferramenta de marketing das grandes empresas. O grupo rejeita a
acusação, e indicou que seu esquema incorpora rígidos mecanismos de
responsabilidade que obrigam seus integrantes a fornecer informações
anualmente sobre sua implementação. Caso não respeite as normas do
grupo, um membro pode ser expulso.
"Estão tentando ficar bem aqui no Rio, mas estão entre os maiores
poluidores e estão atrasando de maneira ativa o desenvolvimento
sustentável", disse Daniel Mittler, diretor de políticas do Greenpeace
Internacional, ao comentar os compromissos da Eskom e da Duke Energy.
O Greenpeace também acusa a Microsoft, uma das três maiores
proprietários de bancos de dados do mundo junto com a Amazon e a Apple,
de emitir muitos gases nocivos ao planeta. "Bancos de dados gigantes que
armazenam e enviam milhões de bytes de fotos, e-mails, músicas e vídeos
de que desfrutamos todos os dias são agora uma das fontes de demanda de
nova eletricidade de maior crescimento no mundo", disse. "Todos os
dias, toneladas de poluição de CO2 causadora de asma e destruidora do
clima são lançadas no ar para manter a internet em funcionamento", disse
Mittler.
Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber
governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e
ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade,
deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio
ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na
erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco
principal na discussão entre representantes governamentais sobre os
documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A
partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a
sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o
qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo
dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários
líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano
Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro
britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma
agenda fortalecida após o encontro.
Fonte: Invertia
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