8 de jun. de 2011

“Barômetro da Biodiversidade”: maior consciência sobre o tema

A União pelo Biocomércio Ético (UEBT, na sigla em inglês) é uma associação internacional sem fins lucrativos que promove o “abastecimento com respeito” de ingredientes e insumos que provenham da biodiversidade. As empresas e entidades associadas à entidade assumem o compromisso de crescentemente adotar práticas de abastecimento que promovam a conservação da biodiversidade, respeitem o conheci¬mento tradicional e garantam a repartição equitativa de benefícios ao longo de toda a cadeia produtiva.

Anualmente, a UEBT realiza uma pesquisa internacional para avaliar o entendimento sobre biodiversidade e noções relacionadas ao tema, com apoio de várias empresas e entidades, como a Natura. A pesquisa se chama Barômetro da Biodiversidade e este ano contou com o depoimento de 7.000 entrevistados, entre consumidores e empresas, de sete países: Alemanha, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido.

Ela foi lançada, no Brasil, no último dia 2 de junho, no Espaço Natura, em Cajamar, com a presença de representantes da UEBT, da Natura e da Fiocruz.

Resultados

De maneira geral, consumidores e empresas dos países pesquisados estão cada vez mais sensíveis ao tema da biodiversidade. A pesquisa revela que vem aumentando o interesse e a consciência dos consumidores a respeito da biodiversidade. Em média, 70% dos entrevistados nos sete países afirmaram já ter ouvido falar sobre a questão. Em 2009, eram 56%. Os países com maior porcentagem de sensibilização são a França (98%), o Brasil (93%) e a Coréia do Sul (78%).

No entanto, nem todas as pessoas que já ouviram falar sobre biodiversidade sabem o que ela significa. De modo geral, apenas uma em cada três pessoas define o termo corretamente.

Diante da pergunta “O que significa biodiversidade?”, os sul-coreanos responderam mais corretamente. Para eles, o termo se refere “à diversidade que podemos encontrar num ecossistema”.

Já os brasileiros mostraram-se conscientes de como a biodiversidade é o próprio país. A resposta mais dada por nós à pergunta foi: “O Brasil é conhecido por ser o país com a maior biodiversidade do planeta, especialmente na Floresta Amazônica”.

Na Alemanha, as respostas confundiam biodiversidade com produtos orgânicos. Nos Estados Unidos, o termo foi frequentemente confundido com diversidade social. No Reino Unido, biodiversidade é confundida com biotecnologia.

Perguntados sobre como se informaram a respeito do tema, 55% disseram ter ouvido falar sobre biodiversidade em programas de TV e documentários; 38% leram sobre o assunto em jornais e revistas; 19%, viram referências em propaganda na televisão; 16% se informaram a partir de declarações de políticos e de governos; 14%, em sites e blogs; e 8%, em comunicação de marca.

A pesquisa procurava saber também o que pode motivar as pessoas a querer proteger a biodiversidade. Dados alarmantes sobre espécies ameaçadas foi a resposta de 30% dos entrevistados, enquanto 23% disseram que a maior motivação seria entender a importância da biodiversidade para a vida diária. Especificamente no Brasil, mensagens para agir agora são consideradas particularmente motivadoras para ações de conservação.

Empresas

O Barômetro da Biodiversidade analisou os balanços das 100 maiores empresas de cosméticos do mundo e verificou que, em 2011, 27% delas mencionaram a biodiversidade, contra os 13% verificados em 2009; 19% reportam práticas éticas de abastecimento de insumos naturais; e 5% citam temas relacionados à biodiversidade, como conhecimento tradicional e direitos de propriedade intelectual.

No entanto, isso está aquém das expectativas dos consumidores: apenas 40% deles acreditam que as companhias de cosméticos comprem insumos naturais de maneira ética; 84% deixariam de comprar os produtos se soubessem que a marca não respeita o meio ambiente ou práticas comerciais éticas; e 80% pensam que as empresas seriam mais confiáveis se as ações de abastecimento fossem verificadas por uma terceira parte.

Como a biodiversidade é retratada na mídia

Os responsáveis pela pesquisa fizeram também uma análise de matérias e artigos publicados em 2010 pela mídia dos sete países pesquisados, concentrando-se em reportagens que focavam na indústria de cosméticos e cuidados pessoais. Essa análise mostrou que houve um aumento de 35% no número de artigos sobre biodiversidade, bastante influenciado pelo Ano Internacional da Biodioversidade e pela Conferência das Partes de Nagoya (Cop 10).

Aliás, 66% dos artigos publicados foram sobre o Protocolo de Nagoya e suas implicações para indústria de cosméticos e cuidados pessoais. Esse protocolo é o compromisso que os países participantes da COP 10 assinaram, garantindo a proteção internacional do patrimônio biológico de qualquer país, o qual só poderá ser explorado por estrangeiros com autorização e pagamento de royalties.

Embora, 70% dos artigos tenham sido críticos ao setor, a cobertura resultante de comunicação proativa entre as marcas e a imprensa sobre práticas sustentáveis de abastecimento da biodiversidade produziu matérias positivas, sugerindo que as marcas têm muito a ganhar quando abordam esse tema.


Fonte : Instituto Ethos - Cristina Spera - http://virou.gr/lxGeUs

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