A proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para os dias 20 a 22 de junho, atrai atenções principalmente para o aspecto ambiental das discussões sobre sustentabilidade.
No entanto, alguns outros temas ocupam as redes de relacionamento da internet, como as questões da responsabilidade social das empresas, investimento social e ações de voluntariado.
Em muitos casos, percebe-se alguma confusão entre esses conceitos, a despeito da profusão de "especialistas" que parecem brotar do asfalto neste período.
Em meio aos informes oficiais e aos relatos dos inúmeros grupos de estudo que publicam suas avaliações regionais e setoriais, o leitor também é bombardeado pelas manifestações de empresas e de governos, num verdadeiro mercado de ideias que muitas vezes dificultam o entendimento do contexto que envolve a luta contra as mudanças climáticas e as desigualdades sociais.
Tome-se como exemplo o investimento social privado - repasse voluntário de recursos que se confunde com a tradicional caridade, geralmente considerada negativamente como assistencialismo.
Trata-se de matéria bastante disciplinada, que engloba as ações sociais de iniciativa de indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos de origem empresarial, familiar ou comunitária, sem envolvimento do poder público.
O governo participa eventualmente com medidas fiscais de estímulo ou recursos não financeiros, como o trabalho imaterial de especialistas.
Considerado parte do complexo de ações de responsabilidade social das empresas, o investimento social privado exige uma estratégia específica, com processos definidos que incluem planejamento, monitoramento e contabilização das ações, e deve produzir relatórios dos benefícios de interesse público resultantes.
Para ter o sentido de investimento, precisa contar com os capitais que a empresa decidir destinar a essas finalidades, e pode incluir a participação de voluntários, cujo tempo também é computado na avaliação dos projetos.
Nos Estados Unidos, onde a presença mínima do estado na economia produziu uma cultura de iniciativas coletivas pelo interesse público desde o século 19, o voluntariado é prática comum em atividades como combate a incêndios, mobilizações para doação de sangue e campanhas preventivas de todo tipo.
Estima-se que mais de 26% dos cidadãos americanos participam de ações voluntárias com regularidade, o que contraria o estereótipo da sociedade individualista.
De modo geral, os projetos que nascem do investimento social privado fazem parte do planejamento da empresa e procuram atender a alguma necessidade relacionada aos campos de atividade corporativa.
Assim, algumas indústrias investem em programas de educação técnica como forma de prevenir acidentes e preparar uma reserva de mão de obra ou promovem campanhas de saúde ou desestímulo ao tabagismo, como parte de seus planos para controlar a abstenção no trabalho e reduzir perdas com queda de produtividade.
Em geral, há por trás da responsabilidade social mais do que o desejo de fazer o bem. No mínimo, o empresário sabe que seu negócio terá melhores condições de operação num ambiente onde o patrimônio natural esteja preservado e num contexto social menos propenso à violência e mais colaborativo. Simples assim.
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Luciano Martins Costa é jornalista e escritor, e coordenador do curso de Gestão e Mídias Digitais da GV-PEC
Fonte: Brasil Econômico
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