Em 1994, o fundador da Interface, Ray Anderson, definiu metas
audaciosas para a sua companhia, hoje uma das maiores fabricantes de
carpetes modulares do mundo.
O objetivo era, e continua sendo, não utilizar nenhum recurso natural
que não possa ser reposto. Após 15 anos, a Interface diminuiu as
emissões de gases em 82%, o consumo de combustível fóssil em 60%,
desperdício em 66%, o consumo de água em 90%, inventando e patenteando
máquinas, materiais e processos de manufatura sustentáveis. Com isso, as
vendas cresceram em 66%, dobrando os rendimentos e aumentando as
margens de lucros.
Utilizar produtos de empresas preocupadas com o meio ambiente é apenas
um dos passos, assim como conscientizar e engajar os funcionários a
apoiarem este projeto. Como já disse o fundador da Interface em outras
oportunidades, para uma meta ambiciosa como esta funcionar, é preciso
haver um comprometimento verdadeiro entre a empresa e os seus
colaboradores. As pessoas precisam acreditar, entender e – de fato –
apoiar as ações, levando a sustentabilidade para a sua vida, para o seu
cotidiano.
Aqui no Brasil, não foi diferente para nós. Temos um showroom, onde
recebemos os nossos clientes, para que possam conhecer e claro, comprar
os nossos produtos. Sim, eles são sustentáveis, mas o nosso espaço
também precisava ser. O desafio era adequá-lo para que pudéssemos obter a
certificação LEED (Criado em 2000, pelo USGBC - Conselho de Construção
Sustentável dos EUA, o LEED - Leadership in Energy and Environmental
Design - orienta e atesta o comprometimento de uma edificação com os
princípios da sustentabilidade para a construção civil - antes, durante e
depois das obras. Emitido em mais de 130 países de todo o mundo, o selo
é considerado hoje, a principal certificação de construção sustentável
para os empreendimentos do Brasil).
E a conquista da certificação LEED foi uma grande demonstração do nosso
esforço. As etapas do processo para a obtenção do selo são:
planejamento, projeto, simulação, construção, comissionamento e
documentação; e para que isso acontecesse, tínhamos dois grandes
desafios: uma verba reduzida e a adequação das exigências aos produtos e
processos disponíveis no mercado. Ou seja, sabíamos que não seria
fácil.
O prédio onde temos o nosso showroom é novo, mas não possui a
certificação. Algumas adequações em qualidade interna do ar,
considerando o ar condicionado existente, foram feitas com adaptações e
contribuição de empresas parceiras. Outro grande desafio foi a questão
da iluminação, afinal tínhamos que atender ao consumo máximo no espaço
de showroom, com lâmpadas de maior eficiência energética. Aqui, os
lojistas devem compartilhar a nossa dificuldade: encontrar lâmpadas LED
com melhor resultado para nossa operação diária de apresentação de
nossos carpetes, com cores e texturas, para uma boa avaliação e
definição do cliente. Ou seja, precisávamos estar em um local bem
iluminado.
Conseguir conciliar sustentabilidade com um local atrativo para as
vendas, onde fosse possível destacar todas as características e
qualidades dos nossos produtos, foi fundamental. O espaço também é
importante para que o produto seja vendido, ou melhor, para que o
cliente tenha ali uma experiência memorável. E podemos afirmar que o
investimento vale a pena!
Por exemplo, as lâmpadas e luminárias foram mais caras na implantação,
mas o consumo de energia é muito menor do que lâmpadas normais.
Compartilhamos estas informações para exemplificar como é possível e
viável, se buscarmos resultados de médio e longo prazo. A economia
imediata não é garantia de um bom negócio. Se utilizarmos materiais mais
econômicos, sem a preocupação de durabilidade e eficiência, em pouco
tempo gastaremos o dobro para substituir materiais que tenham sido
comprados de forma equivocada como foco em custo. Por isso, todas as
empresas deveriam enxergar a sustentabilidade como um investimento e não
como um gasto – o que ainda acontece em muitos mercados.
Se a sua dúvida ainda esta em o que muda para o negócio, digo que a
consciência e a visão se transformam. Mesmo com uma imagem de
comprometimento com a sustentabilidade, a visão da Interface e dos
próprios associados e parceiros mudou, pois o comprometimento para que
este espaço fosse feito de forma sustentável, fez com que todos andassem
na mesma direção, aumentando a conscientização. Com a participação no
processo, agora todos se sentem responsáveis pelas ações, compartilhando
as práticas com clientes e também utilizando as mesmas práticas básicas
em suas casas, como reciclagem, reduzir consumo de água e energia,
etc.
A empresa como um todo precisa estar engajada e comprometida com a
sustentabilidade. Os empresários não devem fazer a busca somente de um
selo, precisam ter uma mudança de postura, inspirar-se em exemplos e
soluções aplicadas por outros tantos empresários e, por que não, em
outros mercados.
Nestes anos todos, a Interface conseguiu provar e mostrar que sim, é
possível obter lucro e ser sustentável. Ou seja, os negócios podem
aplicar o Triple Bottom Line (a tríade: Social, Econômico e Ambiental)
sem perder lucratividade.
Artigo escrito por Claudia Martins, Diretora da Interface.
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