16 de ago. de 2012

Revendo conceitos.(… desafio para a sustentabilidade passa a ser objetivamente trabalhado na sociedade brasileira)


Enfim, o primeiro e grande desafio para a sustentabilidade passa a ser objetivamente trabalhado na sociedade brasileira: promover uma mudança no conceito que temos de LIXO e a partir daí repensar a economia e as práticas de consumo. 


 
A degradação ambiental e humana dos lixões deve finalmente ser banida, dando oportunidade para o início de um círculo virtuoso que liga as pessoas, a natureza e o fruto da natureza trabalhada pelo homem, os produtos (que por vezes nos esquecemos, não nascem das gôndolas). 
Política Nacional dos Resíduos Sólidos tornou-se lei em 2010, após 20 anos tramitando no Congresso, tempo que foi necessário para decompor a duras penas as restrições e preconceitos arraigados em nosso sistema sociocultural, acostumado à abastança e ao desperdício.
O termo genérico LIXO é substituído por RESÍDUO. E os Resíduos Sólidos de que trata a Lei, englobam todo tipo de material, substância ou objeto descartado, e que recebem o nome de REJEITO quando já não é possível ser de alguma forma re-inseridos na cadeia de produção. Rejeito é tão somente o que não se aproveita. Logo, a revolução em trâmite implica mais do que mudar o nome, exige que se chegue à máxima otimização no uso dos produtos, de modo que só mesmo o rejeito seja descartado e do modo menos agressivo à natureza.
A lei evoca práticas incomuns para as duas ou três últimas gerações de brasileiros, tão bem adaptados à “era do plástico” (é Fantástico!): a não-geração, a redução, o reuso, a reciclagem e o tratamento dos resíduos. Há ainda mais novidades nessa Política definida em lei, cuja compreensão ainda é insuficiente, como por exemplo, o princípio da Ecoeficiência e a Responsabilidade Compartilhada pela vida dos produtos.
Há muito o que discutir e ainda mais a fazer. É um começo atrasado em relação aos problemas ambientais e sociais que se avolumam, mas é um caminho que aponta diretrizes e contempla os pilares da sustentabilidade: o meio ambiente, o social e o econômico.
Toda a sociedade é chamada a participar dessa mudança, que requer: dos produtores, repensar o ciclo de vida dos produtos e reintroduzir nele os materiais reaproveitáveis após o uso por meio da reciclagem, ou substituir a matéria-prima por biodegradáveis, talvez; dos transportadores, uma logística para devolver embalagens e materiais utilizados às fábricas; dos vendedores, uma nova política de compra e venda que permita aos consumidores integrar-se à logística reversa; do mercado, a valoração de bens usados e dos serviços relacionados a um novo elo na cadeia de produção, a reciclagem; dos consumidores, a escolha de produtos que gerem menos resíduo, e a atitude diária de preparar os materiais usados para a reciclagem.
Outro fator muito importante se agrega a essa mudança: é o reconhecimento por cada pessoa envolvida, do valor da matéria-prima natural e do trabalho humano despendidos na produção de cada objeto que usamos, no sabor de cada alimento consumido e na construção coletiva da sociedade humana.
A mudança se opera na matéria e nas mentes. Ela nos convoca.

Fonte: Acontecendo Aqui

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