28 de abr. de 2011

Economize energia para diminuir CO2

Faz muito tempo que a conservação de energia ocupa engenheiros e projetistas de alguns setores industriais. Não é de hoje que se projetam instalações visando à otimização dos fluxos de materiais e a redução do consumo de energia.

Foi assim que nasceu, por exemplo, o processo Solvay, de produção de carbonato de sódio a partir do cloreto de sódio. A caldeira do sistema foi projetada para gerar vapor de processo a pressão bem maior que a necessária, a fim de que o excedente pudesse ser utilizado num conjunto turbogerador que fornecia eletricidade para a instalação. Tínhamos ali, há mais de um século, um belo projeto de cogeração.

Contudo, o assunto só começou a ganhar alguma notoriedade em 1972, ano da 1ª Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, onde, entre
outras coisas, recomendou-se "... racionalizar a gestão dos recursos naturais e, assim, preservar o meio ambiente ...".

No ano seguinte, com a guerra do Yom Kippur, os políticos perceberam que a chamada Era do Petróleo chegava ao fim. A conservação de energia transformava-se, então, num desafio para a humanidade. Desafio que se tornou mais instigante a partir dos anos 80, com a progressiva tomada de consciência, no mundo inteiro e por todos os segmentos da sociedade, da fragilidade da biosfera, cuja integridade pode ser seriamente comprometida pela exploração e uso predatório de energia.

Os empresários começavam a entender que conservar energia - sem diminuir o nível de produção - traz vantagens como menores custos, menos rejeitos e menos emissões de gases de estufa.

Essa conscientização fez, por exemplo, com que algumas empresas do setor elétrico, nos Estados Unidos, considerassem vantajoso gastar até 160 dólares, para evitar a instalação de cada quilowatt de capacidade geradora adicional, oferecendo subsídios aos consumidores residenciais que adquirissem aparelhos mais eficientes, ou substituíssem boilers elétricos, por aquecedores termossolares.

À primeira vista, o programa podia parecer sonho de ambientalistas inconseqüentes, mas, na verdade, fundamentava-se em sólidas razões econômicas: o custo do dinheiro e dos complexos mecanismos de captação de recursos para novos investimentos superava a margem de remuneração das tarifas.

Os países industrializados saíram na frente com seus programas de conservação. Em quase todos eles, nos últimos 30 anos, a elasticidade Energia/Produto tem estado abaixo da unidade, apesar da resistência de sociedades acostumadas e enriquecidas na "cultura do desperdício" e habituadas ao desenvolvimento baseado em parques industriais altamente energy intensive, uma vez que a energia era abundante e barata e ninguém se preocupava com a preservação ambiental.

Em países emergentes (como o Brasil) a conservação deveria encontrar mais facilidade, porque a "cultura do desperdício" (que, em grande parte, copiamos) ainda não se arraigou completamente e, também, porque o desenvolvimento está por se completar, abrindo então a possibilidade de ser completado em bases energética e ambientalmente mais sustentáveis. É mais fácil (e mais barato) planejar e prevenir, do que corrigir.

A conservação oferece ainda o atrativo de custar apenas a quarta parte do que teria que ser investido em produção de energia, se esta não fosse economizada.

O empresariado só tem a ganhar com os programas de conservação de energia, que se tornam muito rentáveis porque o retorno do investimento nesses programas é assegurado em curto prazo, pelo dinheiro que se deixa de gastar com a energia que seria desperdiçada.

Fonte: Monitor Mercantil, via Procel Info - http://tinyurl.com/69apks8

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