Como uma aberração, a economia do descartável desenvolvida nos últimos 50 anos, caminha agora para erguer a maior pilha de entulho da história.
A produção, o processamento e a disposição dos materiais na moderna economia de descarte desperdiça não apenas recursos, mas também energia. Na natureza, fluxos lineares descartáveis não sobrevivem por muito tempo e nem podem sobreviver na economia global em expansão.
O primeiro país a identificar o potencial para redução do uso de materiais foi a Alemanha, que no início da década de 90,  enxergou que as modernas economias industriais poderiam funcionar sem problemas usando apenas um quarto das matérias-primas prevalentes na época.
Além de reduzir o uso de materiais, a economia de energia gerada pela reciclagem dispensa mais explicações. O aço feito de sucata consome apenas 26% de energia em relação ao feito com minério de ferro; o alumínio necessita de apenas 4% e o plástico, 20% . Quanto ao papel reciclado, 64% de economia energética e bem menos produtos químicos durante o processo.
Quando somadas, as indústrias de plásticos, aço, cimento e papel, respondem por 30% do consumo mundial de energia. A petroquímica, por exemplo, que reúne produtos como plásticos, fertilizantes e detergentes, é a maior consumidora de energia no setor manufatureiro, e representa cerca de um terço do uso industrial global. No entanto, as crescentes taxas de reciclagem bem como a transição para sistemas mais eficientes de manufatura podem facilmente reduzir para 32% o uso de energia mundial.
O que pode ser feito
A indústria global de alumínio produz mais de 1,3 bilhão de toneladas em 2008 e corresponde a 19% do uso da energia industrial. Medidas como a adoção de modernos sistemas de altos-fornos e a completa recuperação do aço usado ajudaram a diminuir em 23% o consumo energético na indústria de aço, por utilizar apenas um quarto da energia requerida para produzi-lo a partir do minério de ferro. Esses fornos já são utilizados em mais de 20 países e em algumas poucas nações, incluindo Venezuela e Arábia Saudita, usam exclusivamente arcos elétricos.
Outra grande consumidora de energia é a indústria de cimento, sendo a china a maior fabricante da matéria-prima com extraordinária ineficiência. Caso todos os produtores de cimento do mundo adotassem processos mais eficientes como os de fornos secos, o uso de energia despencaria 42%
A reestruturação e melhora do sistema de transportes também significa economia energética. Isso porque um ônibus de 12 toneladas pode facilmente substituir 60 carros de 1,5 tonelada, ou um total de 90 toneladas, reduzindo a fabricação de veículos e o uso de matéria-prima em mais de 87%.
Qual é o desafio?
O grande desafio que se impõe às cidades na busca pela economia de energia, é reciclar o máximo possível de componentes dos materiais urbanos descartáveis, sejam eles papel, plástico, metal ou vidro. Até o lixo da cozinha e do quintal pode ser transformado em adubo fertilizante para plantas.
Economias industriais avançadas com populações estáveis, como Europa e Japão, podem recorrer ao estoque de materiais existentes na economia ao invés de socorrerem à matérias-primas virgens.
Em resumo, a redução de materiais contribui significativamente para diminuir as emissões de carbono, começando pelos metais  aço, alumínio e cobre, cuja reciclagem requer apenas uma pequena fração da energia necessária para produzi-los a partir do minério.
A preocupação deve começar no projeto de carros, aparelhos domésticos e produtos eletrônicos, de modo que possam ser facilmente desmontados para reutilização ou reciclagem. Depois, é preciso conscientizar a população a evitar o uso de produtos desnecessários.
Lester Brown é autor de Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização (424 páginas, coedição brasileira de Ideia Sustentável e New Content, com patrocínio do Bradesco). Este artigo foi publicado originalmente no site Ideia Sustentável.
Fonte: Akatu - http://tinyurl.com/4lrdx52 - via HSM.com.br - http://tinyurl.com/4kcho9z
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário