16 de dez. de 2010

Ameaças pressionam empresas por prática sustentável

Presidente da ONG britânica Earthwatch disse que as empresas precisam entender como as mudanças climáticas vão interferir nos recursos naturais que usam em seus negócios

São Paulo - As "ameaças" e as "oportunidades" são os principais motivos que levam as empresas a adotarem novas práticas de sustentabilidade, segundo Ed Wilson, presidente da organização não-governamental (ONG) britânica Earthwatch, referência em pesquisas científicas e educação ambiental. Na avaliação de Wilson, esses motivos explicam porque as companhias continuarão a buscar práticas sustentáveis, independentemente do resultado de acordos governamentais, como os que vierem a ser fechados na Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), que começa na próxima segunda-feira (dia 29), em Cancún, no México.

"As empresas têm a necessidade real de entender como as mudanças climáticas vão interferir nas reservas naturais e nas novas tecnologias que utilizarão em seus negócios. É aí que estão as ameaças e as oportunidades", afirma Wilson. Ele cita como exemplo a onda de calor que atingiu a Rússia no último verão e destruiu 14 milhões de toneladas de alimentos, causando prejuízos globais na ordem de US$ 300 bilhões. "Essa é a ameaça", explica. Por outro lado, as oportunidades também impulsionam as empresas a agir e buscar inovação. O mercado de energia limpa, no qual se encaixam os bicombustíveis, tem o potencial de movimentar mais de US$ 2 trilhões nos próximos anos, segundo Wilson.

Neste ano, a ONU preparou um relatório com enfoque no benefício econômico global da diversidade biológica e nos custos da perda da biodiversidade. O relatório "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade" (Teeb, na sigla em inglês) também dá exemplos à comunidade empresarial de "mercados verdes" que estão em crescimento ao redor do mundo. Um dos destaques do levantamento é o setor de produtos agrícolas certificados, que deve alcançar US$ 210 bilhões até 2020.

Clientes e consumidores também são fatores de pressão para as empresas, ao lado de acionistas e investidores, na medida em que escolhem quais produtos comprar ou onde vão investir. Daí a importância de companhias assumirem preocupações socioambientais. "A pesquisa e os projetos são uma plataforma para ajudar os clientes, os investidores e a comunidade a entender que a empresa é limpa. É uma ação de marketing limpo", afirma Wilson.

O gerente do HSBC Romio Simões conta que conseguiu conquistar pelo menos quatro grandes clientes corporativos para o banco por meio da divulgação de práticas positivas do grupo. O HSBC investiu US$ 100 milhões, em cinco anos, numa parceria global com quatro ONGs, entre elas a Earthwatch. No Brasil, o projeto leva funcionários para participar de pesquisas científicas numa reserva de Mata Atlântica em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná. Os empregados ficam em contato com a floresta por duas semanas, período em que entram na mata, identificam espécies vegetais e ajudam biólogos a colher dados sobre as árvores. Em seguida, voltam para o banco e passam a divulgar o tema da sustentabilidade para colegas e clientes. "É uma mudança de cultura", conta Simões. Numa palestra, com cerca de 120 clientes, funcionários e instituições, foi que o gerente ainda angariou novas contas. "A intenção da palestra era divulgar o que aprendemos sobre mudanças climáticas, e as ações institucionais do HSBC", conta Simões. "Além disso, ganhamos clientes importantes e fomos escolhidos o banco de investimentos de alguns deles", acrescenta.

Fonte: Agência Estado - via Época Negócios - http://tinyurl.com/273sdgm

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