18 de ago. de 2010

Varejo rumo à economia verde

Palestrante no Fórum promovido pelo Walmart o britânico Nicholas Stern, primeiro a mensurar os riscos, as perdas e os custos decorrentes do aumento desenfreado dos gases de efeito estufa, falou do poder do exemplo do varejo para uma economia mais verde. Vale ler. Heloísa Sobral - Diretora da MUDA Práticas


Vencer a pobreza e gerenciar as mudanças climáticas. São esses os principais desafios que o mundo terá de enfrentar nas próximas décadas para dar conta da enorme responsabilidade planetária diante do aquecimento global. A previsão é do economista britânico Nicholas Stern, estrela máxima do Fórum de Varejo 2010, promovido pelo Walmart Brasil no dia 11 de agosto, na sede da Federação do Comércio, em São Paulo. Professor da London School of Economics, onde preside o Instituto de Pesquisa Grantham sobre Alterações Climáticas e Meio Ambiente, Stern produziu em 2006 um relatório de repercussão mundial por ter sido o primeiro a mensurar os riscos, as perdas e os custos decorrentes do aumento desenfreado dos gases de efeito estufa.

Em sua palestra, o professor britânico, que também foi economista-chefe do Banco Mundial, conclamou o setor privado a pressionar os governos – “quase todos padecendo de uma ’visão míope‘” – por políticas públicas que promovam e estimulem a pesquisa e o desenvolvimento de uma tecnologia “verde”. As mais necessárias voltadas para uma taxação maior para grandes emissores de CO2, de maneira a incentivar, com esses impostos excedentes, descobertas e novos empreendedores.

Segundo ele, apesar de ainda ser arriscado investir em produtos de baixa emissão de carbono, é preciso pensar a longo prazo, com foco na próxima década, nas oportunidades que estarão abertas “por toda a parte”, em mercados “de trilhões de dólares”. “As pessoas – sejam funcionários, fornecedores ou clientes – estão cada vez mais interessadas em produtos verdes e em empresas responsáveis. Daqui para a frente, a reputação da marca terá maior valor tangível”, argumentou.

Stern elogiou as iniciativas do Walmart em melhorar processos, aperfeiçoar serviços e conscientizar clientes e consumidores da importância dessa cruzada em favor da sustentabilidade. “Mais do que o discurso, é pelo poder do exemplo que conseguiremos avançar mais rapidamente em direção a essa nova revolução industrial.”

O economista alertou sobre o alto preço que os países já vêm pagando apenas com uma pequena variação da temperatura global (um aumento de 0,8%), como as recentes inundações no Paquistão e os incêndios ao redor da Rússia. “Se a temperatura aumentar 5 graus nos próximos 100 anos, como há 50% de chance de acontecer caso não haja uma redução drástica na concentração de gases de efeito estufa (especialmente CO2), a França vai virar um deserto e pode chegar à casa de bilhões o número de pessoas migrando para outros países. Será o caos”, alertou.

Ele, no entanto, se mostrou otimista na capacidade de mobilização da sociedade para o enfrentamento da crise, na urgência que ela requer. Disse que o Brasil tem sido um protagonista relevante nas conferências internacionais do clima e que somos um país-chave nessa caminhada. “Sabemos como começar, onde cortar emissões , o que fazer, quanto vai custar – de 1% a 3% do PIB nacional por ano. Sabemos também a magnitude desse desafio, por isso nenhuma ideia pode ser desperdiçada. Qualquer ideia sobre corte de emissões e aumento da eficiência energética e da produtividade agrícola e sobre novas práticas e tecnologias será bem-vinda. Vamos agir e ter esperança no futuro”, disse.

O varejo está fazendo sua parte. Ontem mesmo, o presidente do Walmart Brasil, Héctor Núñez, anunciou com o ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, compromissos para o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura no Brasil. Entre eles estão:
• identificação da origem e localidade de produção de todos os fornecedores de pescados da rede (até 2013);
• ampliação da oferta e estímulo ao consumo de pescados da Região Amazônica; • criação de um programa de valorização da pesca artesanal (até 2013); e
• desenvolvimento de um sistema de rastreabilidade para 100% da cadeia de pescados (até 2016).

A empresa também lançou um programa de rastreabilidade para os produtos perecíveis em geral, prioritariamente carnes e hortifrutigranjeiros.

Por Denise Ribeiro (Envolverde)

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