Organizadora do livro Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras, afirma que o debate e as ações em torno da sustentabilidade devem deixar de ser envolvidas por ações ingênuas
Dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e embora os resultados da Conferência das Nações Unidas realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, ou “Convenção do Clima”, não tenham gerado respostas e métricas consolidadas ao mundo, muitas empresas e pessoas já têm atuado proativamente para minimizar os impactos que as atividades industriais podem gerar ao meio ambiente.
Também apesar da carência de estabelecimento de uma agenda mundial, com metas estabelecidas para produzir um impacto significativo em ações positivas no cenário ambiental, as negociações e a visibilidade geradas pela referida Convenção consolidam a temática ambiental no cenário globalizado. Além disso, abrem caminho para boas práticas voltadas para procedimentos sólidos, aderidos a posturas mais éticas e responsáveis sócio-ambientalmente.
Muitos países avançam seus discursos e legislações preocupados não somente com os impactos ambientais, mas também, com a imagem dos políticos e seus legados às gerações futuras. Neste mesmo vetor encontram-se empresas que, enxergam, nas boas práticas ambientais, uma janela de oportunidade para agregar valor à sua Marca, expandir em forma de Marketing Verde sua mensagem aos consumidores e seus produtos.
A discussão da ética e da responsabilidade social empresarial ganha contornos macros, a partir do momento que introduzimos o termo “sustentabilidade”. Como indica o texto a seguir: “A sustentabilidade se desenvolveu como método integrado de abordar ampla gama de temas de negócios referentes ao meio ambiente, direitos dos trabalhadores, proteção aos consumidores e governança corporativa, assim como sobre o impacto das atividades da empresa em relação às questões sociais mais abrangentes, tais como fome, pobreza, educação, saúde e direitos humanos – e aos efeitos desses temas sobre o lucro.” (SAVITZ, 2007, P. 4)
Para Savitz (2007) é preciso falar em empresa sustentável do ponto de vista social, ambiental e lucrativo, pois a sustentabilidade aplicada na prática envolve estratégia, gestão e lucro. A partir dos estudos desse autor, podemos agregar outros conceitos importantes para entendermos como a “sustentabilidade” ganha terreno, tanto nas empresas, quanto nas academias.
Para os profissionais, o conhecimento dessa temática e de suas práticas é de extrema relevância, independente da geração a qual faça parte: BB, X ou Y. Todos devem ser conhecedores da tendência mundialmente discutida, a qual recai sobremaneira na atividade cotidiana de uma empresa. Portanto, saber, conhecer e desenvolver práticas aliadas à sustentabilidade já é, para alguns profissionais, uma realidade e, para outros, em pouco tempo, também se concretizará.
Tal fato é percebido nos processos de captação e retenção de talentos, nos quais os valores éticos são percebidos e valorizados nestes contextos. Além de ser uma alavanca em seu portifolio, o tema e as práticas sustentáveis colocam o profissional que as utilizam, em uma categoria de profissionais globalizados capazes.
O debate e as ações em torno da sustentabilidade devem deixar de ser envolvidas por ações ingênuas, descontinuadas e fragmentadas. Essas ações são somente para expressar a responsabilidade social da empresa em momentos pontuais, como em campanhas do agasalho, doações de alimentos em períodos de desastres ambientais ou mesmo, de doações para outros fins.
Estas atitudes encontram-se em uma fase ainda pouco amadurecida do uso da sustentabilidade nos negócios. Quando assumimos as intencionalidades nas ações sustentáveis, as mesmas passam a ser encaradas como estratégicas, focadas inteligentemente para auxiliar os negócios lucrativos.
É assim que pensa algumas empresas que, antes de investir em organizações não governamentais avaliam os resultados que as mesmas geram para a sociedade e para sua marca.
São empresas que desenham práticas sociais contributivas para seus negócios, mesmo que não em curto prazo, mas que podem potencializar em médio e longo prazo, como as franquias de ensino que atuam em chão de fábrica para futuros funcionários moradores das circunvizinhanças. Todo este trabalho é estratégico, moldado por profissionais competentes, capazes de vislumbrarem o potencial dessas práticas.
Atualmente, temos casos que já demonstram a atuação de líderes e profissionais que aderem às boas práticas do gerenciamento de projetos para realizar práticas sustentáveis. Mesmo que em período embrionário, já temos uma série de trabalhos que indicam as contribuições da área de gerenciamento de projetos neste setor. Por meio deste, pode-se formalizar e monitorar as demandas, tendo o controle do projeto em todas as suas etapas, desde o início, até o seu encerramento.
O emprego dessas práticas gerenciadas remete ao maior compromisso da empresa na concretização da mesma, uma vez que, por meio de suas ferramentas é possível monitorar as práticas de modo a garantir o seu êxito, como também, a certeza de que será realizada por profissionais preparados e com conhecimento agregado para desenvolver com maior desempenho o que está em pauta.
A partir do emprego do gerenciamento de projeto em práticas sustentáveis estamos impulsionando dois fatores importantes: as práticas deixam de ser isoladas e passam a compor um conjunto de áreas integradas e gerenciadas; aumentamos a visibilidade de profissionais formados (gerentes de projetos) para atuarem competentemente neste setor, deixando “os curiosos” somente para as ações de “etiqueta ética”.
Os profissionais que atuam tendo o gerenciamento de projetos como foco são mais capazes de encaminharem projetos sustentáveis aderentes à nova era da sustentabilidade. Seja no cenário ambiental, por meio das implantações das normatizações e diretrizes ambientais, seja no âmbito da gestão de pessoas, por meio do desenvolvimento de ferramentas e práticas que envolvam o público interno e externo.
Isto também pode acontecer na atuação do marketing social e não apenas na sua “limpeza” em momentos de crise, seja na construção civil e no desenvolvimento de construções inteligentes, seja nas usinas de cana de açúcar transformando culturas organizacionais áridas em ambientes férteis para o desenvolvimento de práticas coadjuvantes com os direitos humanos e com a preservação do meio ambiente.
Temos muitos projetos a serem desenvolvidos, cujas temáticas envolvem diretamente a sustentabilidade ética, social, ambiental e financeira. Cabe aos líderes e aos profissionais estarem preparados para desenvolvê-los. E, então, para encerrar cabe a pergunta: você está devidamente preparado?
Ana Paula Arbache (Sócia diretora da Arbache Consultoria, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Cidadania Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental. Doutora em Educação pela PUC/SP também é docente dos cursos de MBA Gestão Empresarial da FGV além de ser orientadora e avaliadora dos cursos de pós-graduação. Organizadora do livro Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras, da Editorama - paula@arbache.com.br )
Fonte: HSM Online
Nota: Este texto foi extraído do livro “Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras”, organizado por Ana Paula Arbache em conjunto com alunos do MBA da FGV.
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