Empresas investem em sustentabilidade não apenas para diminuir perdas, mas obter lucros
Não é de hoje que o debate sobre sustentabilidade mobiliza sociedade e empresas em torno de uma causa. Crédito de carbono, reciclagem, preservação da fauna e flora, educação, redução de resíduos, uso inteligente de recursos são algumas das estratégias utilizadas pelas empresas sustentáveis. O desenvolvimento sustentável, baseado na conciliação das necessidades econômicas, sociais e ambientais, além de um diferencial competitivo, é uma necessidade.
Em algumas empresas a sustentabilidade deixou de ser encarada apenas como custo para abrir novas oportunidades para os negócios. Na Ambev o compromisso da companhia com a redução dos impactos ambientais é expresso também na utilização de matérias-primas. Além de manter registros de materiais, de consumo na produção e geração de resíduos, a empresa monitora a perda de extrato - composto de açúcares fermentáveis, derivados dos cereais maleados e não-malteados e carboidratos e açúcar usado na produção de cerveja. Quanto menor a perda de extrato, menor é também a perda de matéria-prima no processo produtivo. Em 2007, essa redução foi de 4,64%, em razão da gestão eficiente das operações nas unidades. Com o desenvolvimento de embalagens que minimizam o impacto no meio ambiente, a AmBev conseguiu reduzir em mais de 12% o consumo de vidro, em 11,37% o consumo de alguns tipos de plásticos e em 5,88% o consumo de embalagens celulósicas. Ainda em 2007, a companhia utilizou 104,68% megajoules de energia por hectolitro produzido, volume 2,86% menor do que no ano anterior. Os combustíveis alternativos, como a biomassa, já adotados em oito unidades da companhia, foram responsáveis por uma economia de 48. 171 toneladas de óleo em 2007. Atualmente, a matriz energética calorífica da AmBev é constituída por 34% de fontes renováveis de energia. Como conseqüência, houve diminuição na emissão de gases causadores do efeito estufa. Nos últimos cinco anos, a redução foi de 29,3%, o equivalente ao plantio de 1,5 milhão de árvores. Nos últimos cinco anos, a companhia reduziu em 22% o consumo relativo de água para a fabricação dos produtos. Algumas das unidades fabris são referências.
De acordo com a assessoria de imprensa da AmBev, a receita advinda dos investimentos em sustentabilidade é resultado do redesenho de processos, da modernização de equipamentos, das inovações organizacionais e tecnológicas, do treinamento dos funcionários, da promoção e do apoio a programas de educação ambiental e conscientização de clientes, fornecedores e comunidades, além do monitoramento contínuo do desempenho ambiental em cada fase do processo produtivo. A mais recente edição do Relatório de Sustentabilidade revela uma receita adicional de R$ 66,8 milhões por conta do reaproveitamento de subprodutos. Em 2007, a empresa reaproveitou 98,2% dos resíduos industriais, incrementando a receita da companhia, além de reduzir o impacto ambiental e proporcionar geração de renda e emprego em outras cadeias produtivas.
Porta-voz: Rogério de Andrade, gerente de marketing da BIC Brasil.
CM: A sustentabilidade tem motivado o uso consciente de recursos e matérias-primas por parte das empresas, assim como o interesse do consumidor por produtos sustentáveis têm exigido das empresas novos produtos e serviços. Como a BIC tem se preparado para atender essa demanda?
Rogério: Durante toda sua história, a BIC sempre esteve comprometida com práticas responsáveis de negócios. Hoje, vemos a crescente importância do desenvolvimento sustentável como uma oportunidade para reafirmar esse compromisso e os valores que são a base de nossa identidade.
A BIC já vem buscando maneiras de desenvolver seus negócios de forma mais sustentável há muitos anos. Desde 2003, a empresa é certificada na norma internacional ISO 14001, que estabelece requisitos para implementação, manutenção e aprimoramento de um sistema de gestão ambiental. Neste mesmo ano, o Grupo BIC também iniciou, em nível global, um programa de Desenvolvimento Sustentável, que envolve tanto ações que beneficiam o meio ambiente em nossas fábricas (como a redução de uso de água ou energia elétrica) até a redução no uso de materiais em nossas embalagens e produtos. Também nos envolvemos em programas sociais como Natal da Esperança, Dia do Voluntariado, Consciência Limpa e Dia de Fazer a Diferença.
CM: Com relação aos lucros advindos da sustentabilidade, em sua empresa eles decorrem de produtos, serviços, processos, projetos ou campanhas? Explique.
Rogério: Na verdade, a sustentabilidade não está atrelada ao lucro e sim ao quanto a empresa pode perdurar no mercado visando a sustentabilidade de seu negócio, levando em consideração os três pilares: financeiro, ambiental e social. As ações sustentáveis que a BIC pratica visam justamente atender este equilíbrio. O lançamento dos produtos da linha BIC ECOlutions no Brasil foi feito neste ano de 2008, mas durante toda sua história, a BIC sempre esteve comprometida com práticas responsáveis de negócios. Seguimos uma filosofia focada em simplicidade, funcionalidade e qualidade, proporcionando uma boa relação custo/benefício ao consumidor. Por isso, a BIC desenvolve seus produtos buscando a máxima utilização e durabilidade. Segundo estudo realizado pelo Instituto Falcão Bauer, a caneta BIC Cristal, por exemplo, escreve até três vezes mais que os principais concorrentes do mercado. Como a caneta tem uma utilização muito mais longa, o impacto no meio ambiente é muito mais baixo.
Para novos produtos, buscamos constantemente encontrar a perfeita harmonia entre a qualidade e segurança do produto e a quantidade de matéria prima utilizada para fabricá-lo. Por este motivo, a BIC utiliza o eco-design, processo que leva em consideração o meio ambiente no processo de desenvolvimento de qualquer novo produto. Essa abordagem significa integrar considerações ambientais, começando pela fase de desenvolvimento do produto.
CM: Como os lucros em sustentabilidade são medidos e qual o valor acumulado em 2008 (pelo menos do trimestre) com produtos ou serviços sustentáveis?
Rogério: É importante pontuar que a sustentabilidade, como disse anteriormente, vem do equilíbrio dos três pilares, sendo a base conceitual para desenvolver produtos que serão comercializados e, conseqüentemente, gerarão lucro. A linha ECOlutions é ecológica, pois a caneta esferográfica BIC Ecolutions Round Stic é produzida com 40% de material reciclado de embalagens pós-consumo da Tetra Pak, reduzindo o impacto ambiental. O lápis preto BIC Ecolutions Evolution, que tem 40% de material reciclado em sua composição e utilizam sobras de embalagens de iogurtes (pré-consumo), e o corretivo líquido BIC Ecolutions Base Água, que utiliza água no lugar de solvente, por isso seu impacto no meio-ambiente é reduzido. Então, ao produzirmos este produto, estamos olhando para que o impacto gerado em sua produção seja o menor possível, colaborando com a sustentabilidade da empresa. A procura por estes produtos sustentáveis dependerá bastante da conscientização da população em utilizar produtos ecologicamente corretos. Ao falarmos da venda destes itens, o que podemos adiantar é que temos como meta aumentar nosso market share, que hoje é de aproximadamente 20% do mercado, com esta linha. Atualmente, a BIC é líder no segmento de canetas (49%) e corretivos (28%). Considerando a categoria total de papelaria, somos o 2º maior player do mercado.
Fonte: Revista Consumidor Moderno - Publicado em 13/01/2009 por Érika Ramos
Nenhum comentário:
Postar um comentário